quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Médico testa nova teoria sobre eficácia de 3 minutos de exercícios semanais


Sessões semanais de exercícios intensos, com duração de apenas alguns minutos cada uma, seriam suficientes para que você obtenha muitos dos benefícios obtidos com horas de ginástica convencional, segundo concluíram estudos recentes.
Segundo teoria, 3 minutos de exercício ofereceriam mudanças sensíveis em vários pontos da saúde - Tiago Queiroz/AE
Tiago Queiroz/AE
Segundo teoria, 3 minutos de exercício ofereceriam mudanças sensíveis em vários pontos da saúde
Mas esses efeitos benéficos sobre a sua saúde e forma física são condicionais à sua configuração genética, ou seja, os especialistas dizem que apenas indivíduos com determinados genes conseguem se beneficiar do programa.
Quando li pela primeira vez estudos que diziam que eu poderia melhorar minha forma física de maneira significativa e mensurável fazendo apenas três minutos de exercícios intensos por semana, fiquei incrédulo.
Mas essa alegação aparentemente absurda tem como base muitos anos de pesquisas feitas em vários países, incluindo a Grã-Bretanha. Resolvi testar a teoria.
HIT
O especialista que me acompanhou durante o experimento é Jamie Timmons, professor de Biologia do Envelhecimento na Birmingham University, em Birmingham, na Inglaterra.
O programa de exercícios chama-se High Intensity Training (Treinamento de Alta Intensidade ou HIT, na sigla em inglês).
Timmons me assegurou de que fazendo apenas três minutos de HIT por semana durante quatro semanas consecutivas eu notaria mudanças sensíveis em vários indicadores da minha saúde.
O primeiro indicador - e o que mais me interessava - era a minha sensibilidade à insulina. A insulina remove o açúcar do sangue e controla a gordura no organismo. Quando ela deixa de produzir efeito, você fica diabético.
Meu pai era diabético e morreu por complicações decorrentes da doença.
Timmons foi enfático. Segundo ele, pesquisas feitas por vários centros mostram que três minutos de HIT por semana produzem uma melhoria de em média 24% na sensibilidade da pessoa à insulina.
De acordo com o especialista, a segunda melhoria que eu provavelmente notaria seria um aumento na minha resistência aeróbica - medida da capacidade dos pulmões e do coração de bombear oxigênio pelo seu corpo.
A resistência aeróbica é considerada um excelente indicador da saúde futura de uma pessoa, embora os especialistas não saibam explicar por que.
"O que se sabe é que trata-se de um indicador muito poderoso da sua saúde futura", disse Timmons.
Teste genético
Então, se eu conseguisse melhorar minha sensibilidade à insulina e minha resistência aeróbica, minha saúde de maneira geral ficaria melhor.
Mas Timmons disse que existia um probleminha em potencial. Segundo ele, havia uma pequena chance de que eu não apresentasse melhoras na minha saúde. Não porque o programa HIT não funcione, mas por causa da minha herança genética.
Cada pessoa reage a exercícios de forma diferente. Em um estudo internacional feito com mil pessoas, pesquisadores pediram a participantes que fizessem quatro horas de exercícios por semana durante 20 semanas consecutivas.
A resistência aeróbica dos voluntários foi medida antes e depois do programa de exercícios. Os resultados foram impressionantes.
Embora 15% das pessoas tenham conseguido grandes avanços, 20% não apresentaram qualquer melhoria.
Os pesquisadores disseram que não havia indícios de que o grupo que não obteve avanços não tivesse se exercitado adequadamente. A equipe concluiu que o exercício simplesmente não produziu efeitos sobre a resistência aeróbica daquele grupo.
Timmons e seus colaboradores investigaram as razões por trás dessas respostas variadas e descobriram que muitas das diferenças podem ser relacionadas a um pequeno grupo de genes.
Com base nessa descoberta, eles desenvolveram um teste genético para prever quem tem mais chances de responder bem ao programa e quem não tem.
Fui convidado a fazer o teste, mas para evitar que minha resposta ao programa de exercícios fosse influenciada, Timmons só revelaria os resultados do teste genético após eu completar o meu programa de HIT.
Concordei. Foi colhida uma amostra do meu sangue. Também fui submetido a alguns outros testes para avaliar como estava minha aptidão física antes de começar o programa. Depois, comecei meu HIT.
A todo vapor
Na verdade, HIT é muito simples. Você monta em uma bicicleta ergométrica, se aquece fazendo exercícios moderados por dois minutos, depois pedala a toda velocidade - o mais rápido possível - por 20 segundos.
Nova sessão pedalando por dois minutos para recuperar o fôlego e, depois, outros 20 segundos pedalando com força máxima.
Uma terceira sessão de dois minutos pedalando moderadamente e mais 20 segundos a todo vapor. Pronto, está encerrada a sessão semanal de HIT.
Mas como é que o HIT funciona? Timmons e outros pesquisadores com quem conversei acham que provavelmente esse tipo de exercício usa muito mais tecido muscular do que exercícios aeróbicos convencionais.
Quando você faz HIT, não está usando apenas os músculos da perna, mas também do parte superior do corpo, incluindo os braços e ombros.
Como resultado, 80% das células musculares do organismo são ativadas em comparação a exercícios como andar, correr ou andar de bicicleta moderadamente - onde estariam sendo ativadas de 20% a 40% das células musculares.
Exercícios também parecem ser necessários para quebrar os estoques de glicose do organismo. Eles ficam armazenados na forma de uma substância chamada glicogênio. Se você destrói esses estoques, abre espaço para mais glicose que é retirada do sangue e armazenada.
Um tanto quando cético, segui o programa de HIT durante quatro semanas, fazendo um total de 12 minutos de exercício intenso e 36 minutos de exercício moderado nesse período. Depois, voltei ao laboratório para ser submetido a novos testes.
Os resultados foram ambíguos. Minha sensibilidade à insulina melhorou significativamente - 24% - o que me deixou muito satisfeito. Mas minha resistência aeróbica não melhorou.
Fiquei decepcionado, mas Timmons não se surpreendeu.
É que o exame genético que haviam feito em mim tinha revelado que eu não responderia aos exercícios.
Não importa quanto exercício eu tivesse feito, ou que tipo. Minha resistência aeróbica não teria melhorado.
Vou continuar a fazer o HIT porque consigo ver os benefícios. O programa não é adequado a qualquer pessoa porque, embora seja curto, é extremamente intenso.
Antes de tentar qualquer novo programa de exercícios, especialmente se você sofre de algum problema físico, consulte seu médico.
Estadão

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Relatório destaca iniciativas brasileiras de combate ao tráfico de drogas


As iniciativas brasileiras para combater o tráfico de drogas no país, como as unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), foram destacadas em relatório divulgado nesta terça-feira, 28, pela Junta Internacional de Fiscalização a Entorpecentes (Jife), órgão ligado à Organização das Nações Unidas (ONU).
O documento mostra que o governo brasileiro tem desenvolvido ações de “alto nível” nas favelas para combater organizações criminosas. Essas abordagens de aplicação da lei têm sido complementadas em algumas áreas com um comprometimento do policiamento comunitário, como as unidades de pacificação. “Por meio desses esforços combinados, tem-se tentado enfrentar a base de poder das gangues ligadas ao crime organizado e construir um senso de confiança entre a polícia e a população local,  de forma a aumentar a segurança e a proteção das pessoas que vivem nessas áreas”.
Além das várias iniciativas focadas no enfrentamento de problemas envolvendo drogas e crime em comunidades marginais, diversos aspectos da geografia física e social dessas comunidades estão, na realidade, promovendo o senso de isolamento e desintegração social entre os moradores, tornando a tarefa de combate a esses problemas muito mais difícil.
Algumas comunidades, por exemplo, contam com um sistema de transportes deficiente, que dificulta o fornecimento de serviços de apoio, aumenta o isolamento e a vulnerabilidade. “Os governos do Brasil e de outros países comprometeram-se a melhorar o sistema de transportes como um catalisador de outras formas de desenvolvimento e apoio”.
O Plano Nacional de Combate ao Crack e Outras Drogas, lançado em 2011, também foi destacado pela junta. Segundo o relatório, o governo do Brasil iniciou a implantação de centros de referência regional para promover o treinamento e a certificação de profissionais que atuam em redes de atenção integral à saúde e assistência social, trabalhando com usuários de drogas e suas famílias.
No entanto, a Jife também aborda a falta de informações relacionadas ao tema. No ano passado, vários governos deixaram de fornecer o relatório estatístico anual requisitado em tempo hábil, como a Austrália, o Brasil, Canadá, a Índia, o Japão e Reino Unido. “A apresentação tardia dos relatórios estatísticos anuais atrasa a análise de tendências globais realizada por essa junta. A Jife contatou os governos em questão e pediu a eles que corrigissem a situação”.
O relatório da Jife deste ano marca o centenário da adoção do primeiro tratado internacional de controle de drogas, a Convenção Internacional do Ópio, assinada em Haia em 23 de janeiro de 1912. 
Estadão

Governo vai avaliar qualidade de serviços prestados a gestantes no SUS


A partir do mês de abril, o Ministério da Saúde vai entrar em contato, por telefone, com mulheres que tiveram filhos em unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). O objetivo é avaliar a qualidade dos serviços prestados às gestantes, incluindo o pré-natal, o parto e o pós-parto.

Os números de telefone, segundo a pasta, serão obtidos nos formulários de Autorização para Internação Hospitalar, preenchidos pelos próprios profissionais de saúde. No documento, constam também informações como quantos e quais procedimentos hospitalares foram realizados e se a mulher teve direito a levar um acompanhante para a sala de parto.

A estratégia de avaliar a qualidade dos serviços prestados às gestantes, de acordo com o ministério, é inédita e integra as ações do Rede Cegonha, lançado pelo governo federal no ano passado. O levantamento será feito pela Ouvidoria Nacional do SUS. A partir dos resultados, relatórios de avaliação do atendimento serão enviados para os gestores locais.


Estadão

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Tire suas dúvidas sobre a gripe B

A morte de uma tripulante do navio MSC Armonia, ocorrida na última sexta, 17, em Santos, com quadro de gripe B (influenza B), gerou dúvidas sobre uma possível epidemia - assim como aconteceu com a influenza A - a famosa gripe suína - em 2009.

"Não é preciso ficar alarmado", diz a infectologista Nancy Belley, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). "Os casos de morte por influenza B não são frequentes."
Também não é surpresa acontecer um surto em uma embarcação. "Como a transmissão é feita por via aérea, isso facilita o contágio e a propagação de doenças virais", explica Celso Granato, infectologista do Instituto Fleury e da Unifesp. "Nesses locais, as pessoas ficam juntas por muito tempo, dividindo as mesmas coisas, inclusive os vírus", alerta.
Segundo o especialista, mesmo com a chegada do inverno, e o aumento no número de gripados pelo País, o risco de sofrermos uma epidemia de gripe B é mínimo.
Vale dizer que a circulação de um vírus é sempre imprevisível porque depende do ano e do clima, entre outros fatores. "Quando um tipo específico de vírus fica muito tempo sem aparecer, tende a causar mais estragos quando volta, já que terá passado por alguma mutação e nosso organismo não está preparado para ela", afirma a infectologista Nancy Belley. "Por isso é importante estar vacinado."
GRIPE B: Perguntas e Respostas
Quais são as diferenças entre gripe A e gripe B?
A gripe A infecta não apenas humanos, mas também outros animais, como os suínos e aves. Já a gripe B afeta, basicamente, pessoas. Por isso, o tipo A é mais difundido na natureza e tende a causar grandes epidemias e até mesmo pandemias mundiais. No caso da B, cujo vírus evolui mais lentamente devido a menor variabilidade, o potencial de causar epidemias é pequeno. Mas isso não quer dizer que não possa iniciar um surto - principalmente quando fica muito tempo sem aparecer e depois volta com força total.
Um ponto em comum: ambas podem abrir caminho para complicações graves e ocasionar pneumonia viral e bacteriana.
A influenza B é um vírus bem conhecido? Ele costuma causar surtos ou epidemias?
O vírus causador da gripe B não é tão famoso porque nunca tinha ocasionado um situação como agora, com o caso do navio. Ele não é tão frequente, porém não é raro e pode sim oferecer riscos, mas não com a força da influenza A.
Quais são os principais sintomas da gripe B?
Os sintomas são os mesmos da gripe A: o principal deles é a febre de início súbito, que ocorre de 24 a 36 horas depois que o vírus entra em contato com o sistema imunológico. Também pode haver tosse, mal-estar geral, dores de cabeça e dores musculares. Em cerca de 50% dos casos, a pessoa tem coriza. No entanto, a gripe B tem algumas complicações específicas - ainda que menos frequentes: há casos fatais de miocardite, a inflamação do miocárdio (camada que recobre o coração), que pode levar à morte súbita, e encefalites, inflamações agudas do cérebro, mais comuns em crianças e adolescentes.
Existe um grupo de risco da gripe B?
É o mesmo para qualquer tipo de gripe: crianças entre 6 meses e 2 anos de idade e idosos acima de 60 anos, que apresentam saúde mais vulnerável. Não existe um grupo específico que se sobressaia, como ocorreu na epidemia de gripe A, em que gestantes e obesos ficaram mais vulneráveis.
Qual é o tempo de incubação da gripe B?
Em geral, o corpo demora de 1 a 3 dias para dar os primeiros sinais da presença do vírus. Mas já durante a incubação, mesmo sem sintomas, a pessoa pode transmitir a doença. Estudos mostram que 25% das pessoas podem adquirir infecções quando expostas a alguém com vírus. A resposta depende do sistema imunológico de cada um.
Como tratar a gripe B?
Da mesma forma que qualquer outro tipo de gripe: muito repouso, tomar bastante líquido para hidratar o corpo e adotar uma alimentação leve, de preferência com frutas, verduras e legumes.
Pode-se usar remédios como antitérmicos ou até mesmo o tamiflu?
Como ela se assemelha a uma gripe mais comum, está liberado o uso de antitérmicos. Já o Tamiflu não deve ser ingerido porque não tem ação contra a gripe B; é um medicamento específico para o tratamento de gripe A.
Quando é hora de ir ao hospital? Quais sinais são mais preocupantes?
Se o doente apresentar febre alta e falta de ar constante por mais de dois dias, é sinal de que precisa ser avaliado por um médico. É importante também observar a tosse, se é seca ou se apresenta muita secreção. Neste caso, o risco está na secreção amarela ou esverdeada, que pode indicar uma inflamação e possível pneumonia.    
Quem está vacinado contra gripe A pode pegar gripe B ou já existe vacina para gripe B?
Não há uma imunização específica para essa doença. Existe apenas a vacina trivalente contra a gripe, que protege contra as influenzas A e B. Entretanto, a vacina só é efetiva se foi tomada recentemente, há menos de um ano. Os efeitos de proteção duram cerca de 6 a 8 meses. Como o vírus sofre mutações, é preciso se vacinar todo ano para garantir proteção.
Como as pessoas podem se prevenir?
A prevenção mais eficaz é a vacinação, principalmente para quem viaja muito. Ainda assim, ela não oferece 100% de eficácia, já que tudo depende do sistema imunológico de cada um. Muita gente não consegue garantir tanta proteção, pois já são mais vulneráveis, como as crianças, idosos e pessoas com problemas graves de saúde. Entretanto, especialistas de saúde afirmam que tomar a vacina faz a diferença mesmo nesses casos.
Apesar de parecer pouco, lavar as mãos sempre que chegar e sair de algum lugar é o que mais ajuda a evitar contaminações. Também é bom evitar o contato com pessoas que estejam gripadas, mesmo que não se saiba qual é o tipo de vírus. Com a chegada do inverno, surge a necessidade de ventilar bem a casa e tentar não deixar as janelas fechadas quando se está em grupo, como nas viagens de ônibus.
É verdade que a vacina pode causar gripe?
Isso é mito. A vacina trivalente não causa gripe, pois não oferece riscos e não deixa o sistema imunológico mais fraco. O que pode acontecer é que, na hora de se vacinar, coincidentemente, a pessoa estava incubando um retrovírus e inicia um processo gripal logo depois.   
Há como ficar imune a esses tipos de vírus, como influenzas A e B?
Não existe imunidade total, pois não há vacina universal. Os vírus estão sempre em mutação e isso dificulta o combate. O ideal é se prevenir durante todo o ano.
Receitas caseiras, como tomar cápsulas de vitamina C ou chá de alho, funcionam?
Chás quentes, mel e outros produtos naturais ajudam a aliviar os sintomas da doença, mas não curam nenhum tipo de gripe. Já a vitamina C não é recomendada porque não tem eficácia comprovada cientificamente para evitar e ou tratar gripes e resfriados.  
Usar álcool em gel ajuda a prevenir contaminações?
O efeito do álcool em gel é positivo e muito parecido com a lavagem de mãos comum, feita com água e sabão. Quando não é possível passar pela torneira, opte pelo álcool para garantir a higiene e evitar contaminações - principalmente em locais de acesso público, como metrôs e ônibus.
Quais são as diferenças entre gripe e resfriado?
A gripe é causada pelo vírus influenza e tem como primeiro sintoma a febre súbita, que surge acompanhada de cansaço físico. Em alguns casos, o paciente apresenta coriza e tosse, mas isso não é regra.
Já o resfriado é ocasionado pelo vírus do tipo rhinovirus ou coronavírus. Inicialmente, há incômodo na garganta e a pessoa começa a tossir. Também é normal ter dores no corpo, mas não são todos os casos que apresentam febre.
Estadão

Grande São Paulo tem alta prevalência de transtornos mentais


Quase 30% dos habitantes da Região Metropolitana de São Paulo apresentam transtornos mentais, de acordo com um estudo que reuniu dados epidemiológicos de 24 países. A prevalência de transtornos mentais na metrópole paulista foi a mais alta registrada em todas as áreas pesquisadas.
Dados. 29,6% dos indivíduos na Região Metropolitana de SP apresentaram transtornos mentais - Arquivo/AE
Arquivo/AE
Dados. 29,6% dos indivíduos na Região Metropolitana de SP apresentaram transtornos mentais
O trabalho faz parte da Pesquisa Mundial sobre Saúde Mental, iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) que integra e analisa pesquisas epidemiológicas sobre abuso de substâncias e distúrbios mentais e comportamentais. O estudo é coordenado globalmente por Ronald Kessler, da Universidade Harvard (Estados Unidos).
Em artigo publicado na revista PLoS One no dia 14 de fevereiro, os autores apresentam os resultados da pesquisa São Paulo Megacity Mental Health Survey, que gerou para o relatório internacional os dados relativos ao Brasil - no país, o estudo se restringiu à Grande São Paulo.
O estudo foi realizado no âmbito do Projeto Temático "Estudos epidemiológicos dos transtornos psiquiátricos na região metropolitana de São Paulo: prevalências, fatores de risco e sobrecarga social e econômica", financiado pela Fapesp
e encerrado em 2009.
Entre os autores do artigo estão Laura Helena Andrade, professora do Departamento e Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina (FM) da Universidade de São Paulo (USP), e Maria Carmen Viana, professora do Departamento de Medicina Social da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
Andrade conduziu o Temático em parceria com Viana, que teve Bolsa de Pós-Doutorado da Fapesp
 entre 2008 e 2009 no Núcleo de Epidemiologia Psiquiátrica do IP-FM-USP, coordenado por Andrade.
Estudo epidemiológico de base populacional, o São Paulo Megacity Mental Health Survey avaliou uma amostra representativa de residentes da região metropolitana de São Paulo, com 5.037 pessoas avaliadas em seus domicílios, a partir de entrevistas feitas com base no mesmo instrumento diagnóstico.
Os questionários incluíram dados sociais. Segundo o estudo, 29,6% dos indivíduos na Região Metropolitana de São Paulo apresentaram transtornos mentais nos 12 meses anteriores à entrevista. Os transtornos de ansiedade foram os mais comuns, afetando 19,9% dos entrevistados. Em seguida, aparecem transtornos de comportamento (11%), transtornos de controle de impulso (4,3%) e abuso de substâncias (3,6%).
"Dois grupos se mostraram especialmente vulneráveis: as mulheres que vivem em regiões consideradas de alta privação apresentaram grande vulnerabilidade para transtornos de humor, enquanto os homens migrantes que moram nessas regiões precárias mostraram alta vulnerabilidade ao transtorno de ansiedade", disse Andrade à Agência Fapesp.
A prevalência dos transtornos mentais, de quase 30%, é a mais alta entre os países pesquisados. Os Estados Unidos aparecem em segundo lugar, com pouco menos de 25%. A razão da alta prevalência, de acordo com a pesquisadora, pode ser explicada pelo cruzamento de duas variáveis incluídas no estudo: a alta urbanização e a privação social.
Em relação às outras regiões estudadas, a Região Metropolitana de São Paulo também teve a mais alta proporção de casos de transtornos mentais considerados graves (10%), bem acima do estimado em outros 14 países avaliados. Depois da metrópole paulista, os países com maior porcentagem de casos graves foram os Estados Unidos (5,7%) e Nova Zelândia (4,7%).
"Existiam dados na literatura mostrando que esses transtornos mentais têm alta prevalência em áreas urbanas. Por isso observamos o efeito de exposição à urbanicidade, isto é, as pessoas que viveram a maior parte da vida em região urbana. Levamos em conta também a variável da privação social, estrutura etária da população, setor censitário, escolaridade do chefe de família, migração e exposição a eventos traumáticos violentos", disse.
A exposição ao crime foi associada aos quatro tipos de transtornos mentais avaliados, segundo Andrade. A alta urbanicidade está associada especialmente ao transtorno de controle e impulso. A privação social também tem impacto sobre o transtorno de abuso de substâncias e interfere na gravidade das doenças.
"As pessoas que moram em áreas precárias apresentam quadros mais graves e tendência ao abuso de substâncias. As que tiveram mais exposição à vida urbana têm mais transtornos de controle e impulso - em especial o transtorno explosivo intermitente, que é típico de situações de estresse no trânsito, por exemplo", apontou
Promoção da saúde mental
Ao cruzar as variáveis, os pesquisadores chegaram aos grupos de maior vulnerabilidade: mulheres que vivem em regiões de alta privação apresentam mais transtornos de humor e homens migrantes que vivem em região de média e alta privação têm mais transtornos de ansiedade. Pessoas com baixa escolaridade têm mais transtornos de ansiedade e de abuso de substâncias.
"Um dos diferenciais desse estudo é que incluímos nas entrevistas medidas de incapacitação, a fim de avaliar a gravidade das doenças. Concluímos que, entre as pessoas diagnosticadas com transtornos mentais, um terço corresponde a casos graves, um terço a casos moderados e um terço a casos leves. As pessoas com transtornos moderados e graves sofrem com algum tipo de incapacitação", disse Andrade.
O estudo sugere que é preciso fortalecer, no sistema brasileiro de saúde básica - que inclui o Sistema Único de Saúde (SUS) e o Programa Saúde da Família -, uma integração entre atendimento e promoção da saúde mental.
"Não é possível ter um serviço especializado em todas as unidades, por isso é preciso equipar a rede com pacotes de diagnóstico e de conduta a serem utilizados pelos profissionais de cuidados primários. É preciso capacitar não só os médicos, mas também os agentes comunitários, que devem ser orientados para identificar casos não tão comuns como os quadros psicóticos, levando em conta os fatores de risco associados aos transtornos mentais", afirmou Andrade.
Estadão

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Garota morre em acidente no parque de diversões Hopi Hari


Gabriela Yokuri Michelari, de 14 anos, morreu nesta sexta-feira, 24, em um acidente com um brinquedo no parque de diversões Hopi Hari, em Vinhedo, no interior de São Paulo.
Segundo informações do Hospital Paulo Sacramento, em Jundiaí, cidade vizinha a Vinhedo, a adolescente já chegou morta ao hospital, com traumatismo craniano. A assessoria do parque não foi localizada.
Segundo informações do jornal SPTV, da TV Globo, a menina caiu do brinquedo Torre Eiffel, que simula uma queda livre em três segundos.
Estadão

Garoto tetraplégico ganha marca-passo para respirar sem ajuda de aparelhos


SÃO PAULO - Pedro Arthur Diniz, de 8 anos, foi a primeira criança brasileira a receber um marca-passo no diafragma para dispensar o tubo de oxigênio que o mantém respirando artificialmente. O menino teve meningite bacteriana, ficou tetraplégico e perdeu a capacidade de respirar sozinho.
Pedro Arthur e o pai, Rodrigo, comemoram o sucesso do implante do marca-passo - Epitácio Pessoa/AE
Epitácio Pessoa/AE
Pedro Arthur e o pai, Rodrigo, comemoram o sucesso do implante do marca-passo
A cirurgia para implante do marca-passo foi realizada no início do mês no hospital Albert Einstein. Os custos do procedimento (cerca de R$ 500 mil) foram pagos pelo governo de Minas Gerais, por ordem judicial.
O marca-passo foi ligado na semana passada e o tubo de oxigênio que fica preso na traqueostomia do menino, desconectado. Pela primeira vez desde que ficou tetraplégico, o diafragma de Pedro passou a se contrair, permitindo a ele respirar sem ter de ficar preso ao tubo de oxigênio. “A sensação é muito boa”, disse o menino, que sorriu após o aparelho funcionar.
A doença. A luta de Pedro para sobreviver começou em 2006, quando ele foi diagnosticado com meningite bacteriana depois de uma crise convulsiva. Na época, ele tinha 1 ano e meio e não havia recebido a vacina por falta de informação – ela não estava na rede pública e os pais não foram orientados pelo pediatra a fazer a imunização particular.
Rodrigo Diniz Junqueira Rocha, de 37 anos, pai do menino, diz que desde bebê ele emitia sinais que não foram identificados pelo médico pediatra, que nunca suspeitou de meningite nem informou a família de que existia vacina contra a doença – que só era vendida em clínicas particulares, por R$ 280 cada dose (as crianças tomam três doses).
“Ele era uma criança que ficava uma semana boa, uma semana ruim, estava sempre febril. Mas o pediatra só dava remédio e mandava de volta para casa. Para nós, a carteira de vacinação dele estava em dia”, diz o pai.
Convulsão. Em um certo dia, depois de brincar de bola com o filho, Diniz percebeu que Pedro estava cansado demais e resolveu levá-lo novamente ao médico – que mais uma vez o liberou. “Resolvi levá-lo a um hospital. Ele teve uma crise convulsiva e o internaram imediatamente. O médico suspeitou na hora de meningite”, conta Diniz.
Após uma série de exames e convulsões consecutivas, o diagnóstico foi confirmado: Pedro tinha meningite bacteriana tipo C, contraída provavelmente por uma sinusite que não tinha sido diagnosticada quando era bebê.
“O impacto de você um dia jogar bola com seu filho e no outro dia vê-lo no hospital convulsionando, amarrado numa cama e entubado é muito forte. Nunca lamentamos a doença de Pedro, mas é muito difícil para pais de primeira viagem”, diz.
Segundo Diniz, a suspeita dos médicos é de que Pedro tenha ficado doente aos 8 meses – por isso dava sinais de cansaço e estava sempre febril. “Se o pediatra tivesse percebido, poderíamos ter dado a vacina. O Pedro até poderia ter meningite, mas não teria sequelas tão graves”, diz.
Estadão

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Adaptação ao fim do horário de verão deve começar com antecedência


O horário de verão acaba no dia 26 de fevereiro, mas quem tem mais dificuldade em se adaptar à mudança deve começar a preparar o organismo com antecedência, antecipando o horário de dormir cerca de dez minutos a cada dia. A orientação é do coordenador do serviço de neurologia do Hospital Anchieta, Ricardo de Campos. “Ao invés de esperar o dia da virada do horário, o interessante é que a cada dia fosse dormindo dez minutos mais cedo, até estar dormindo uma hora mais cedo, e o corpo não vai padecer”.
As mudanças de horário ocasionam oscilações no organismo relacionadas à produção de hormônio - Fabio Motta/AE
Fabio Motta/AE
As mudanças de horário ocasionam oscilações no organismo relacionadas à produção de hormônio
O médico explica que as mudanças sentidas pelo organismo com o início ou o fim do horário de verão são por causa de hormônios como o cortisol e a melatonina, que regem o nosso relógio biológico e são secretados de acordo com o tempo de exposição ao sol e à escuridão. “Dessa forma, todo o metabolismo do organismo passa a se pautar de acordo com as taxas de secreção desses hormônios. Quando uma hora do dia é suprimida ou acrescentada, passa a ter alterações nesse metabolismo”.
Os efeitos dessas mudanças, segundo Campos, vão desde alterações no sono, que podem causar irritabilidade, estresse e baixa produtividade, até o aumento da instabilidade vascular. Além dos idosos, as mulheres sentem bastante as mudanças de horário, pois têm diversas oscilações no organismo relacionadas à produção de hormônios. “Mudanças abruptas no nosso relógio biológico trazem malefícios incontestáveis em relação à saúde”, diz o especialista.
O governo federal ainda não tem um balanço da economia de energia proporcionada pelo horário de verão neste ano, mas a expectativa é que a mudança gere uma redução entre 4,5% e 5% na demanda de energia do horário de pico, nas regiões onde o sistema foi adotado (Sul, Sudeste, Centro-Oeste e na Bahia). A redução total de consumo para o país deve ficar em torno de 0,5%, com uma economia entre R$ 75 milhões e R$ 100 milhões para o país durante o período.
O secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, Ildo Grüdtner, explica que o principal ganho para a sociedade com a adoção do horário de verão é o aumento da segurança e da qualidade do suprimento de energia. Além disso, com a redução da demanda, não é preciso fazer novos investimentos em usinas hidrelétricas ou acionar energia de usinas termelétricas para complementar o fornecimento de energia.
Segundo ele, a redução do consumo de energia, proporcionada pelo aumento da utilização da luminosidade natural, não chega a ser sentida na conta de luz dos consumidores. “O consumidor sentiria se tivesse que fazer investimentos, aí apareceria um acréscimo na conta de luz”, disse Grüdtner à Agência Brasil.
De acordo com o secretário, existem pesquisas que mostram a aprovação da população ao horário de verão, e a extinção da mudança não está nos planos do governo. “Pode até ser avaliado no futuro, mas em princípio sempre é um ganho. Se a sociedade inteira ganha com a aplicação do horário de verão, por que vou deixar de utilizar?”
Neste ano, o horário de verão começou no dia 16 de outubro, e terá uma semana a mais, porque a data estabelecida para o fim do horário diferenciado, que é o terceiro domingo de fevereiro, em 2012 coincidiu com o feriado do carnaval. 
Estadão