terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Tratamento antirretrovírus reduz transmissão do HIV, aponta estudo

Tratar pessoas soropositivas cujos parceiros não foram infectados pelo vírus HIV reduz significantemente os riscos de transmissão da aids, aponta um estudo conduzidos por pesquisadores chineses. Testes clínicos já haviam mostrado os benefícios do tratamento, mas a pesquisa, publicada no jornal especializado Lancet, é a primeira "aplicação real" de um programa desse tipo.

Os pesquisadores monitoraram casais por até 9 anos. Em 24 mil pares, o indivíduo soropositivo recebeu tratamento desde o início do período estudado para testar os benefícios do processo, enquanto 14,8 mil não receberam por não preencher os requisitos solicitados pelo governo para serem incluídos no programa de tratamento.
No grupo tratado, houve 1,3 casos de transmissão por 100 pessoas a cada ano, enquanto no outro grupo, a taxa de transmissão foi de 2,6. Segundo os autores do estudo, isso equivale a uma redução de 26% no risco de transmissão, um índice bastante reduzido se comparado aos 89% obtidos nos testes clínicos. Eles ainda dizem que os efeitos protetores da terapia antirretrovírus pareceram durar somente um ano, com as taxas de transmissão se igualando entre os dois grupos nos últimos do estudo.
Keith Alcorn, especialista em HIV do grupo NAM Aidsmap, considerou o estudo interessante. "Mostra o impacto do tratamento antirretrovírus . Os resultados não mostram uma grande redução na transmissão como nos testes clínicos, mas ainda assim, há um efeito", disse.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou recentemente seu relatório anual sobre a aids, que mostrou redução tantos nas novas contaminações quanto nas mortes causadas pela doença. Em 2011, houve 2,5 milhões de novos casos - 700 mil menos que em 2001 - e 1,7 milhões de mortes - 600 mil menos que em 2005.
Melhorar o acesso ao tratamento antirretrovírus é a chave para fazer com que esses índices caiam ainda mais, de acordo com a OMS. O remédio contra a aids reduz a presença do HIV no sangue e reduz as chances de contaminação.

Estadão