sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Garoto tetraplégico ganha marca-passo para respirar sem ajuda de aparelhos


SÃO PAULO - Pedro Arthur Diniz, de 8 anos, foi a primeira criança brasileira a receber um marca-passo no diafragma para dispensar o tubo de oxigênio que o mantém respirando artificialmente. O menino teve meningite bacteriana, ficou tetraplégico e perdeu a capacidade de respirar sozinho.
Pedro Arthur e o pai, Rodrigo, comemoram o sucesso do implante do marca-passo - Epitácio Pessoa/AE
Epitácio Pessoa/AE
Pedro Arthur e o pai, Rodrigo, comemoram o sucesso do implante do marca-passo
A cirurgia para implante do marca-passo foi realizada no início do mês no hospital Albert Einstein. Os custos do procedimento (cerca de R$ 500 mil) foram pagos pelo governo de Minas Gerais, por ordem judicial.
O marca-passo foi ligado na semana passada e o tubo de oxigênio que fica preso na traqueostomia do menino, desconectado. Pela primeira vez desde que ficou tetraplégico, o diafragma de Pedro passou a se contrair, permitindo a ele respirar sem ter de ficar preso ao tubo de oxigênio. “A sensação é muito boa”, disse o menino, que sorriu após o aparelho funcionar.
A doença. A luta de Pedro para sobreviver começou em 2006, quando ele foi diagnosticado com meningite bacteriana depois de uma crise convulsiva. Na época, ele tinha 1 ano e meio e não havia recebido a vacina por falta de informação – ela não estava na rede pública e os pais não foram orientados pelo pediatra a fazer a imunização particular.
Rodrigo Diniz Junqueira Rocha, de 37 anos, pai do menino, diz que desde bebê ele emitia sinais que não foram identificados pelo médico pediatra, que nunca suspeitou de meningite nem informou a família de que existia vacina contra a doença – que só era vendida em clínicas particulares, por R$ 280 cada dose (as crianças tomam três doses).
“Ele era uma criança que ficava uma semana boa, uma semana ruim, estava sempre febril. Mas o pediatra só dava remédio e mandava de volta para casa. Para nós, a carteira de vacinação dele estava em dia”, diz o pai.
Convulsão. Em um certo dia, depois de brincar de bola com o filho, Diniz percebeu que Pedro estava cansado demais e resolveu levá-lo novamente ao médico – que mais uma vez o liberou. “Resolvi levá-lo a um hospital. Ele teve uma crise convulsiva e o internaram imediatamente. O médico suspeitou na hora de meningite”, conta Diniz.
Após uma série de exames e convulsões consecutivas, o diagnóstico foi confirmado: Pedro tinha meningite bacteriana tipo C, contraída provavelmente por uma sinusite que não tinha sido diagnosticada quando era bebê.
“O impacto de você um dia jogar bola com seu filho e no outro dia vê-lo no hospital convulsionando, amarrado numa cama e entubado é muito forte. Nunca lamentamos a doença de Pedro, mas é muito difícil para pais de primeira viagem”, diz.
Segundo Diniz, a suspeita dos médicos é de que Pedro tenha ficado doente aos 8 meses – por isso dava sinais de cansaço e estava sempre febril. “Se o pediatra tivesse percebido, poderíamos ter dado a vacina. O Pedro até poderia ter meningite, mas não teria sequelas tão graves”, diz.
Estadão

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