domingo, 24 de outubro de 2010

Cigarro e método contraceptivo não combina

O tabagismo pode gerar bronquite crônica, enfisema pulmonar, câncer de pulmão e está associado a tumores em outras partes do corpo. Hoje, o fumo é considerado a principal causa de mortalidade passível de prevenção, já que dar o primeiro passo em direção ao vício é uma questão de escolha. Mas são principalmente as mulheres que devem ter cuidado redobrado na hora de se arriscar por um trago de fumaça. A combinação das substâncias tóxicas presentes no cigarro com o uso da pílula anticoncepcional pode se transformar em uma armadilha perigosa, dizem especialistas.



O cigarro em si já representa uma série de riscos para o organismo dos fumantes ativo e passivo. Sua composição, no entanto, altera a parte cardiovascular e, por isso, prejudica o sistema circulatório. A pílula anticoncepcional, por sua vez, também gera modificações nesta região e a junção dos dois resulta numa mistura com sérias consequências para a saúde. "O fumo prejudica a parte vascular e o anticoncepcional também. Quando eles estão associados, há a somatização do problema", diz a ginecologista e mastologista Elizabeth Brandão, da Policlínica Piquet Carneiro, no Rio de Janeiro.



O estrogênio, um dos hormônios presentes na pílula, provoca a produção de ateromas, placas compostas por lipídios e tecido fibroso que se formam nas paredes dos vasos sanguíneos. "Esse hormônio, que não é o mesmo fabricado pelo organismo, tem ação aterogênica, ou seja, há a formação das placas, que são responsáveis pelo infarto e pelo Acidente Vascular Cerebral (AVC). Além disso, a pílula gera uma modificação nos lipídios, nos triglicerídeos e no colesterol da mulher. O fumo piora a situação, causando inflamações que serão o estopim para os ataques", explica o ginecologista Renato Ferrari, que também é professor do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (UFRJ).



A associação entre os componentes pode resultar em uma série de complicações, mas Elizabeth lembra que elas são mais comuns em mulheres adultas. "Infartos e AVC são problemas mais frequentes em mulheres a partir dos 30 anos. Em mulheres mais jovens, os problemas mais comuns são o surgimento de varizes e problemas circulatórios, o que não elimina o aparecimento de doenças mais graves", conta a especialista, que chama a atenção para mulheres que sofrem de hipertensão: "Em casos de problemas de pressão, como a hipertensão, a probabilidade do surgimento de complicações é muito maior. Quando o grau de risco da hipertensão é mais alto, o cardiologista pode vir a proibir o uso da pílula anticoncepcional, já que ela altera o sistema vascular". O ginecologista Renato Ferrari faz a mesma restrição a pacientes com excesso de peso. "Mulheres obesas apresentam mais placas de aterosclerose e, se ainda forem fumantes, não podem fazer uso da pílula", alerta ele.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Bactéria multiresistente nos hospitais

SÃO PAULO - O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, afirmou na tarde desta quarta-feira, 20, que há casos confirmados de infecção hospitalar causado pela superbactéria Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase (KPC) em São Paulo, Paraná e Distrito Federal.


André Dusek/AEJosé Gomes Temporão fez anúncio nesta quarta-feira
No entanto, as secretarias Municipal e Estadual da Saúde de São Paulo e a Secretaria de Estado da Saúde do Rio de Janeiro informaram que não receberam nenhuma notificação de surto de infecção hospitalar causado pela KPC na rede pública de saúde.


Segundo os dois órgãos, as unidades de atendimento não têm obrigação de notificar casos isolados, apenas surtos - quando há o registro de no mínimo duas ocorrências da doença no mesmo local e período.


A Secretaria da Saúde de Minas Gerais enviou um alerta técnico aos profissionais do Estado. No comunicado, informa que "as medidas de prevenção e controle devem ser estabelecidas pelo Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH)".


Entre as medidas de prevenção e controle recomendadas estão: identificar precocemente o paciente com infecção; isolar essas pessoas de contato até a alta médica; acomodá-las em quarto privativo quando possível ou em quarto com paciente que apresenta infecção pelo mesmo microrganismo; higienizar as mãos e usar luvas e avental; limpar e desinfetar superfícies, equipamentos e artigos; e restringir visitas.


A nota informa ainda que "os casos deverão ser notificados à Vigilância Sanitária de seu município ou às Gerências Regionais de Saúde, por meio do formulário de notificação (Ficha de Investigação de Surtos) preenchido pelo profissional de saúde".


Desde o início da semana, o número de casos suspeitos de contaminação pela bactéria resistente a antibióticos KPC no Distrito Federal subiu de 108 para 135. Desse total, 48 pacientes permanecem internados em 16 hospitais, dos quais nove são públicos e sete, privados. A informação é da Secretaria de Saúde do DF. No Hospital de Base de Brasília (HBB), há 23 casos de KPC. As pessoas que desenvolveram a infecção são doentes graves da terapia intensiva, da neurocirurgia ou politraumatizados.


Segundo o diretor do HBB, Carlos Schmin, essa superbactéria, que surgiu em 2000 nos Estados Unidos, é hoje uma preocupação mundial. De acordo com ele, o micro-organismo está presente tanto em hospitais públicos como privados, em vários Estados brasileiros. “O Pronto-Socorro do Hospital de Base recebe diariamente de 6 mil a 7 mil pessoas, o que aumenta o risco. Temos reforçado o cuidado com a higienização e impedido o contato com pacientes suspeitos para evitar novos contágios”, afirmou.