sábado, 10 de setembro de 2011

Com ruas alagadas e bairros sem luz, Blumenau vira 'cidade fantasma'


A cheia do rio Itajaí-Açu deixou ruas vazias, comércios fechados e manteve a grande maioria dos moradores em suas casas nesta sexta-feira (9) em Blumenau, Santa Catarina. As chuvas que atingem o estado desde a quarta (7) afetam mais de 819 mil pessoas e deixam 34 cidades em situação de emergência. Duas pessoas morreram no estado.
Na cidade mais atingida, com mais de 105 mil afetados pela enchente, Blumenau ainda tem ruas alagadas e 20% dos bairros sem energia elétrica. Com medo de que o nível do rio Itajaí-Açu subisse para além da avenida Beira Rio, como aconteceu em 1984, comerciantes trancaram as portas na quinta-feira e não voltaram. Em toda a cidade, moradores evitam sair. Casas inteiras permanecem debaixo d'água.
Nas ruas desertas, apenas à noite alguns moradores começam a tentar iniciar a limpeza dos estabelecimentos. “Estou aqui limpando porque precisa aproveitar a água da enchente mesmo. Depois a gente volta e limpa com a água normal”, diz Jacira Mendes, 35, dona de um cabeleireiro. Ao lado do local, parte da rua permanece alagada.

A situação é a mesma em todas as ruas mais baixas da cidade, que só devem secar totalmente com a diminuição significativa do rio. “A situação ainda é preocupante. Estamos monitorando essas ruas, mas o olhar agora é para o terreno encharcado, para que não haja vitimas de deslizamentos”, afirmou o secretário de Defesa Civil, José Egídio de Borba.
Nas ruas do centro, que foram ocupadas à tarde por dezenas que queriam fotografar a força das águas do Itajaí-Açu, a opinião era de que os alagamentos, desta vez, não significaram tragédia. "Em 2008, teve deslizamento. Agora, a água subiu bastante, mais do que a outra vez, mas não tivemos nenhuma vítima. Estamos comemorando uma ação vitoriosa", diz o secretário.
Apesar disso, 4,7 mil moradores precisaram ser resgatados pelo Corpo de Bombeiros de áreas que ficaram alagadas. Ao menos 100 homens utilizaram 32 barcos para resgatar pessoas isoladas, principalmente durante a madrugada. Durante o dia todo, muitas delas escolheram permanecer no andar de cima de suas casas, mesmo sob isolamento das enchentes. "Meu irmão está lá, no sótão. Não sei se tem comida, se tem bebida. Só sei que ele prefere ficar lá", diz Cristina Vieira, 28, que está em um abrigo na Vila Nova.
Em alguns hotéis que permanecem abertos, a comida é racionada. Há avisos aos hóspedes de que as refeições serão servidas em horários determinados. “Isso porque nosso hotel está aberto. É que começaram a faltar algumas coisas e resolvemos fazer assim. Porque hoje os supermercados não abriram”, diz um garçom de um dos hotéis no centro da cidade.
Neste sábado (10), a preocupação deve ser com a falta de água. Na região central, até agora, há racionamento, mas cerca de 30 bairros, que continuam alagados, estão sem abastecimento. Os abrigos são abastecidos com carros-pipa, e moradores procuram os voluntários com garrafas.
“Estamos, por enquanto, economizando. Se a enchente não baixar logo, aí vamos começar a pensar”, diz Vilma Neiva, 55, moradora do centro. “Estou fazendo um favor para o meu vizinho, que não tem água nenhuma. Vim buscar para eles”, afirma Edimílson Santos, 18, que mora em uma região mais afastada, e foi buscar água no abrigo da igreja de Itoupava Norte.
A previsão da Defesa Civil é de que o rio baixe gradualmente com a interrupção das chuvas nesta sexta em Blumenau, mas outras cidades ainda podem ser atingidas pelas enchentes. Rio do Sul continua sob estado de calamidade pública, assim como a cidade de Brusque, que está isolada pelas águas.
G1

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