quinta-feira, 30 de junho de 2011

Igreja Católica denuncia 'abandono' dos povos indígenas no Brasil


BRASÍLIA - O Conselho Indigenista Missionário (Cimi), organismo do Episcopado brasileiro, denunciou nesta quarta-feira, 29, o "abandono", a "crítica" situação sanitária e a "crescente violência" contra os índios do país, problemas muitas vezes vinculados a conflitos pela terra.
Andre Lessa/AE
Andre Lessa/AE
Dados apontam que os índices de mortalidade infantil aumentaram '513% em relação a 2009'

No ano passado, 92 crianças indígenas morreram por falta de cuidados médicos ou por problemas de saúde das mães na hora do parto, enquanto 60 índios adultos foram assassinados e outros 152 estão sob ameaça de morte, afirma um relatório do Cimi relativo a 2010 e divulgado parcialmente nesta quarta-feira.
O relatório estabelece que os índices de mortalidade infantil em algumas tribos aumentaram "513% em relação a 2009" e cita a população xavante como a mais afetada, com "60 bebês mortos para cada 100 nascidos vivos".
Na maioria dos casos, o Cimi indica que as causas das mortes são a desnutrição, os problemas respiratórios e diversos tipos de doenças infecciosas.
O relatório também cita, embora não precise onde ocorreram, 33 casos de "invasões" de terras indígenas por parte de pessoas alheias a essas comunidades e dedicadas "à exploração ilegal de recursos naturais".
O comunicado do Cimi contém declarações da antropóloga Lúcia Helena Rangel, coordenadora do relatório, que denuncia o "abandono" que os povos indígenas sofrem por parte do Estado.
"Tudo continua igual. O cenário é o mesmo há anos e os fatores de violência se mantêm", declarou Lúcia.
Segundo o bispo Erwin Kräutler, presidente do Cimi, os índios brasileiros "continuam cravados na cruz, são violentados e assassinados ou expulsos de suas terras ancestrais, reduzidos a párias da sociedade e tratados como animais ou vagabundos", "sem as mínimas condições de sobrevivência física e muito menos cultural".
O Cimi afirmou que o estudo se apoia em informações da Polícia Federal e do Ministério Público, embora tenha esclarecido que "não estão contemplados todos os casos", por isso que o conteúdo do relatório "indica apenas uma tendência".
Estadão

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