quarta-feira, 20 de julho de 2011

Pancadas no cérebro aumentariam risco de mal de Alzheimer


As lesões cerebrais traumáticas aumentariam o risco de perturbações cognitivas e de demência, segundo dois estudos americanos apresentados nesta segunda-feira, em Paris, durante a Conferência Internacional da Associação Alzheimer (AAIC).
A relação entre um traumatismo craniano e o risco de demência ainda é obscura. Enquanto algumas pesquisas sugerem que a possibilidade aumenta, outras não estabelecendo relação.
A equipe da Professora Kristine Yaffe, da Universidade da Califórnia, em São Francisco, analisou as fichas médicas de 281.540 veteranos americanos, com 55 anos ou mais.
Ela demonstrou que o risco de desenvolver demência durante o tempo do estudo (7 anos) mais que dobrou entre os veteranos que tiveram uma lesão cerebral (15,3% contra 6,8%, em relação aos demais).
"Esses dados nos levam a pensar que o traumatismo crânio-encefálico [TCE] entre os veteranos mais velhos poderia predispô-los ao desenvolvimento de uma demência sintomática. Suscitam preocupações quanto a possíveis consequências a longo prazo entre os veteranos mais jovens", declarou Yaffe, citada no comunicado da AAIC.
Para os cientistas, a questão é importante, uma vez que o TCE é comum, em seguida a quedas ou acidentes de trânsito.
"O traumatismo crânio-encefálico (TCE) é também considerado o ferimento típico dos conflitos no Iraque e no Afeganistão, onde diz respeito a 22% das vítimas e a 59% dos ferimentos ligados a explosões", destacou o Professor Yaffe.
Vários mecanismos poderiam explicar oe aumento do risco.
Segundo os cientistas, nesse grupo, encontram-se também placas amiloides semelhantes às presentes nos cérebros das pessoas com o mal de Alzheimer. Seja qual for a idade, 30% dos pacientes que tiveram TCE não sobrevivem aos ferimentos.
Futebol americano
Um outro estudo foi realizado pelo Professor Christopher Randolph, do Loyola University Medical Center, em Chicago, entre ex-jogadores de futebol americano.
No total, 513 membros aposentados da associação de jogadores profissionais responderam em 2008 a uma enquete que visava, particularmente, aos problemas de memória (aí compreendido um questionário para despistar o mal de Alzheimer chamado AD8).
Um pouco mais de 35% dos que responderam (com idade média de 61 anos) apresentavam sintomas de AD8 deixando considerar uma possibilidade de demência. A título de comparação, segundo o relatório 2011 da Associação Alzheimer, 13% dos americanos com 65 anos e mais sofrem do mal.
Os cientistas usaram os dados da pesquisa para identificar os que sofriam possivelmente de perturbações leves de cognição (problemas de memória ou de linguagem, por exemplo). Descobriram que os ex-atletas eram bastante atingidos, em relação aos indivíduos que apresentavam as mesmas características sociodemográficas, mas sem passado esportivo profissional.
Segundo os pesquisadores, esses resultados, ainda considerados preliminares, reforçam a hipótese de que os traumatismos cranianos repetidos durante numerosos anos de prática de futebol americano podem acarretar uma expressão mais precoce de doenças degenerativas ligadas à idade, como o mal de Alzheimer.
G1

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