Junho é mês de festas e, é claro, de mesa farta. A tradição das delícias juninas inclui principalmente doces: pé-de-moleque, canjica e bolo de fubá são alguns dos exemplos mais conhecidos. Aliás, milho e amendoim são ingredientes comuns nas receitas típicas.
Junto ao consumo de doces, vem a preocupação com a balança – e com a saúde. Por isso é importante saber a característica de cada alimento antes de consumi-lo. O G1 entrevistou a nutricionista Kátia Terumi Rodrigues, do Hospital Edmundo Vasconcelos, em São Paulo, para explicar a característica das comidas típicas.
No inverno, o gasto calórico aumenta naturalmente. No frio, o corpo precisa de mais energia para se manter aquecido. Por isso, o consumo aumenta em cerca de 300 calorias (kcal) por dia. “Às vezes, a pessoa se sente culpada por ter mais fome no inverno, mas isso é fisiológico”, aponta a especialista. Logo, algumas calorias a mais não implicam ganho de peso.
Pamonha é uma das comidas típicas da épocaCarboidratosO milho é a base das receitas de pamonha, bolo de fubá, pipoca e canjica. É um carboidrato – assim como o arroz, o pão, a batata e o macarrão –, o que significa que é uma boa fonte de energia para o corpo. Porém, se a pessoa exagerar, pode engordar sim. Além disso, o milho é rico em fibras, que melhoram o funcionamento do intestino.
Outro carboidrato bastante consumido no período é a mandioca, base da tapioca e do biscoito de polvilho. Tem as mesmas características energéticas do milho, mas não é tão rica em fibras.
Gorduras vegetaisO amendoim e o coco aparecem em muitos doces tradicionais, como o pé-de-moleque e a cocada. Os dois aparecem também na receita da canjica, dependendo de variações regionais. Ambos são ricos em gorduras vegetais.
Por serem gordurosos, esses alimentos são mais calóricos que o milho e a mandioca. Um grama de gordura contém 9 kcal; nos carboidratos, há 4 kcal/g. Por isso, eles tendem a engordar mais, caso essas calorias não sejam gastas, aponta a nutricionista.
No entanto, as gorduras vegetais não são tão perigosas quanto as animais para o sistema cardiovascular. Ao contrário, são até benéficas. Elas ajudam a aumentar a taxa de HDL, o chamado colesterol bom.
Canjica pode ser feita com ingredientes menosSubstituiçõesO açúcar presente em todos os doces é um carboidrato de absorção rápida. Ele aumenta o nível de glicose no sangue, e seu excesso sobrecarrega o metabolismo, ou seja, a pessoa tende a engordar.
Já o leite, usado na canjica, por exemplo, é rico em gorduras e proteínas, por ser um alimento de origem animal. Faz aumentar o LDL, o colesterol ruim. Por outro lado, é a melhor fonte de cálcio, além de ter vitamina B12, essencial para evitar a anemia.
Nos dois casos, a substituição de ingredientes é possível. No lugar do açúcar, é possível utilizar o adoçante, que tem menos calorias. Outra opção para quem quer evitar o aumento de peso é usar o leite desnatado, em vez do integral. A quantidade de gordura cai, mas as propriedades benéficas permanecem no leite desnatado.
Já a canela, condimento que aparece em vários doces, “não tem propriedades nutricionais expressivas”, segundo Kátia Terumi Rodrigues. Apesar de terem proteínas e colesterol, Os ovos usados nos bolos também não trazem influência significativa, pois aparecem em quantidade muito pequena.
Outros tipos de alimentoO doce de abóbora, típico em algumas regiões, tem como principal ingrediente um legume. A principal característica nutritiva da abóbora é a grande quantidade de vitaminas. Contudo, o coco e o açúcar contidos na receita trazem grande quantidade de calorias.
O pinhão, bastante consumido no Sul, é uma boa fonte de carboidratos. Além disso, tem proteínas, minerais e vitaminas do complexo B, e suas propriedades auxiliam na produção de anticorpos.
Bebidas alcoólicasPor causa do frio, existe o consumo tradicional de bebidas alcoólicas aquecidas. O quentão, feito com cachaça, gengibre e canela, é uma dessas receitas.
“A bebida destilada faz elevar pressão e dá a sensação de aquecer o corpo”, diz a nutricionista.
Por isso, o quentão tem mais energia que o vinho quente – por ser destilada, a cachaça tem cerca de 40% de álcool, e o vinho, que é fermentado, tem cerca de 12%. Assim como o açúcar, o álcool é bastante calórico. Quanto maior é o teor alcoólico de uma bebida, mais calórica ela é.
Além disso, o vinho é rico em antioxidantes, substâncias que retardam o envelhecimento. Dependendo das frutas adicionadas à receita, outras propriedades podem ser adicionadas. O vinho ainda faz bem ao sistema cardiovascular, desde que consumido com moderação.
Tadeu Meniconi
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