Genebra, 7 abr (EFE).- Várias marcas de confecção de roupas, tanto de luxo como populares, continuam utilizando uma técnica de jateamento de areia para desgastar calças jeans apesar das graves consequências existentes para a saúde dos funcionários responsáveis pela produção.
A denúncia foi feita nesta quinta-feira pela ONG Declaração de Berna, que em ocasião do Dia Mundial da Saúde lançou a campanha Roupa Limpa para exigir que as empresas do setor têxtil parem imediatamente de produzir esses "jeans" desgastados.
Esta ONG suíça - conhecida por entregar todos os anos um prêmio às empresas mais irresponsáveis em questões ambientais - denuncia que a técnica de jateamento de areia é muito perigosa para os operários.
O principal problema causado por esta técnica é a silicose, uma doença sem cura que afeta os pulmões e que avança "a uma velocidade nunca observada em outros setores de produção", assinala a ONG.
Por isso, a campanha Roupa Limpa pressiona desde o ano passado as empresas do setor têxtil para que proíbam esta técnica.
Cerca de 20 marcas já se comprometeram a parar de usar esse método na produção, entre elas algumas famosas como Benetton, C&A, H&M, Levi's e Mango.
No entanto, uma grande parte das marcas de luxo ignora este pedido, com exceção da Gucci, que se comprometeu a proibir essa técnica e a estabelecer um sistema de vigilância em coordenação com os sindicatos locais dos países de origem dos trabalhadores.
No entanto, lamenta a Declaração de Berna, muitas outras marcas ainda não deram resposta, como Armani, Dolce&Gabbana, Roberto Cavalli e Versace.
A marca New Yorker, presente em 31 países com 842 lojas, rejeitou categoricamente eliminar a técnica de jateamento de areia.
"É simplesmente escandaloso que uma empresa como a New Yorker continue conscientemente colocando em perigo a vida de seus operários e que marcas de luxo, como a Armani, sigam ignorando nossas exigências", assinalou Christa Luginbuhl, coordenadora da campanha Roupa Limpa.
"As empresas do setor devem renunciar definitivamente a este tipo de técnica e assumir suas responsabilidades com os vários trabalhadores que já estão doentes", acrescentou.
Os primeiros casos de silicose causados por esta técnica foram reconhecidos na Turquia: dois jovens que morreram com 18 e 19 anos e que tinham começado a trabalhar com a técnica aos 13 e 14 anos.
Na Turquia já foram registradas 46 mortes por silicose e mais de 1,2 mil pessoas estão doentes.
Em Bangladesh, a indústria dos jeans está em plena expansão e a situação é quase comparável a da Turquia, assinala a ONG.
Fonte: Estadão.
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