O brasileiro está mais gordo, mais sedentário e abusando de bebidas alcoólicas, revela o Vigitel, estudo feito pelo Ministério da Saúde.
Paulo Pinto/AE
Peso. Maranhão: rotina atarefada dificulta atividade física
"No geral, os números preocupam bastante", avaliou o secretário de Vigilância do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa. O trabalho, que analisa estatísticas sobre fatores de risco para doenças crônicas, aponta ao menos um bom indicador: a redução do número de fumantes entre a população em geral, que passou de 16,2% para 15,1% em cinco anos.
Segundo a pesquisa, quase metade da população está acima do peso. Entre mulheres adultas, os índices de sobrepeso aumentaram 5,8 pontos porcentuais entre 2006 e 2010, passando de 38,5% para 44,3%. Na população masculina, o aumento foi de 4,9 pontos porcentuais no mesmo período: passou de 47,2% para 52,1%. As taxas de obesidade também cresceram. Atualmente, 15% da população é considerada obesa. "Mantido esse ritmo, em 13 anos a população brasileira terá o mesmo perfil de obesidade que a população americana", disse o secretário.
Em relação às bebidas alcoólicas, a situação também piorou. Em 2006, 16,2% da população adulta admitia beber em excesso. O porcentual agora está em 18%. Entre mulheres, a variação subiu de 8,2% para 10,6%. Na população masculina, os índices passaram de 25,5% para 26,8%.
O secretário observa que a prevalência de hábitos pouco saudáveis é mais acentuada entre população de baixa escolaridade. "Daí a necessidade de se reforçar medidas preventivas", afirma.
Ele informa que o governo deverá apresentar no próximo semestre um plano de ações para combater quatro doenças crônicas comuns no País, como diabetes, problemas cardiovasculares, respiratórios e diversos tipos de câncer. A ideia é traçar ações para reduzir fatores de risco dessas doenças: tabagismo, consumo excessivo de álcool, obesidade e sedentarismo. "Nesse momento, fazemos uma análise crítica das ações que até agora foram adotadas."
Esta é a quinta edição da pesquisa, batizada de Vigitel e feita por meio de entrevistas telefônicas com população adulta das capitais do País. Neste ano foram ouvidas 54.339 pessoas. A pesquisa mostra que hábitos alimentares da população vêm mudando para pior. Há uma redução do consumo de arroz e feijão, uma dupla clássica na dieta brasileira considerada protetora contra hábitos incorretos de alimentação. Ao mesmo tempo, o consumo de alimentos de alto teor de gordura e de refrigerantes é alto. O secretário avalia que alguns hábitos estão relacionados à falta de informação, como o consumo elevado de leite integral por adultos.
Os números de sedentarismo são homogêneos no País. "Há pequenas diferenças. Mas, em termos gerais, população se exercita muito pouco", observa o secretário. Homens praticam mais atividade física que mulheres. No País, 18,6% realizam atividades no tempo livre. Entre mulheres, esse índice é de 11,7%.
Opções. Longa jornada de trabalho e uma queda por massas. São esses os motivos que fizeram o ponteiro da balança do fotógrafo Cleiton Souza Maranhão, de 21 anos, chegar aos 112 kg. Seu índice de massa corporal (IMC) é 36,2, o que o coloca na faixa de obesos de segundo grau, uma abaixo da obesidade mórbida. "A rotina atrapalha muito", diz Maranhão. Ele acorda às 8 horas para fazer alguns trabalhos como free lance e deixa o escritório onde trabalha, na região central, às 23 horas. "Entre fazer exercícios e dormir mais, opto por dormir um pouco mais."
A dieta não é das mais saudáveis. De manhã, são dois pães na chapa; no almoço, arroz, lasanha, carne; à noite, mate com leite e alguns pães de queijo. O resultado de tanto carboidrato para pouca atividade física é excesso de peso e gordura localizada.
Maus hábitos
14,2%
da população adulta é sedentária
34,2%
comem carne vermelha gordurosa ou frango com pele
Lígia Formenti / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário