A tragédia causada pelo atirador na escola do Rio deixou diretores de colégios de São Paulo preocupados com a segurança. O Colégio Agostiniano Mendel, no Tatuapé, zona leste, acelerou a contratação de vigilantes para controlar o acesso às dependências. "É crucial ter mais gente cuidando da entrada e saída de nossos estudantes", diz o coordenador do ensino médio, Luiz Felipe Fuke.
Robson Fernandjes/AE- 13/5/2010
Segurança. Policiais militares da Ronda Escolar observam a saída de alunos da Escola Estadual Antonio Firmino de Proença, na Mooca, zona leste
O professor afirmou que ninguém tem acesso livre à escola, com exceção dos estudantes uniformizados. "Os visitantes precisam se identificar na recepção. Nem os pais podem entrar sem autorização." Segundo Fuke nunca houve ocorrências graves envolvendo alunos no Mendel.
Já o Vértice vai manter seu esquema de segurança atual. "O que aconteceu no Rio nos deixou muito preocupados, mas nosso modelo de vigilância tem funcionado bem", disse o diretor Adilson Garcia.
O colégio do Campo Belo, zona sul, tem funcionários antigos na portaria e terceiriza o serviço de vigilância externa. Agentes a pé e em carros fazem rondas nos arredores da escola, que também instalou câmeras em ruas vizinhas. Estudantes só entram de uniforme e ex-alunos têm horário determinado para visitas.
Para a diretora-geral do Rio Branco, Esther Carvalho, apesar da comoção do momento, é preciso "tranquilidade" para "refinar" os procedimentos de vigilância. "Vamos avaliar o que pode ser melhorado, mas não podemos entrar nesse clima de insegurança coletiva."
Na unidade Higienópolis, o colégio tem quatro seguranças na área externa e um vigilante na portaria, além de câmeras e inspetores de alunos.
Além dessas escolas, outras 12 não responderam ou não quiseram falar sobre seus esquemas de vigilância. Uma delas alegou que "o momento é delicado".
Rede pública. O governo estadual divulgou nota no início da noite lamentando o incidente no Rio. Segundo a gestão Geraldo Alckmin (PSDB), os estabelecimentos de ensino têm apoio de 23 mil agentes que controlam a entrada e saída dos alunos, além do reforço da Ronda Escolar da Polícia Militar nos horários mais movimentados.
O secretário estadual de Educação, Herman Voorwald, ligou a tragédia à universalização do ensino fundamental e médio no País. "A escola pública trouxe a sociedade para dentro dela e, consequentemente, incorporou muitos problemas sociais, antes estranhos ao ambiente escolar."
Também por nota, o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) disse que são "corriqueiros" casos de violência nas escolas e no entorno. "No Estado de São Paulo, a vulnerabilidade decorre também da ausência de funcionários em número suficiente e da extinção de funções como a de porteiro e inspetores." O governo fala em "reorganização de funções".
A Prefeitura orientou ontem as Diretorias Regionais de Educação a reforçar os procedimentos de vigilância nas escolas municipais. Nas unidades, inspetores vigiam os acessos nos períodos de entrada e saída de alunos.
Risco. Para Ulisses Nascimento, especialista em segurança de instituições de ensino, não dá para garantir segurança total à comunidade escolar. "Há dois fatores de risco principais: o meio externo - como o crime organizado - e o fator humano, que pode cometer erros", afirma. Ele diz que a tecnologia é importante, mas profissionais bem qualificados são imprescindíveis.
Carlos Lordelo e Felipe Mortara - O Estado de S.Paulo
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